Autora: Natália Vagmaker- Projeto Amigos da Jubarte
Sono
O sono pode ser determinado como um estado de inconsciência de que a pessoa pode ser despertada.
Uma pessoa passa por dois estágios de sono durante cada noite, sendo o estágio de sono leve até o mais profundo que alternam entre:
Sono de ondas lentas (NREM) - as ondas cerebrais são muito lentas neste grau de sono.
Sono de movimentos rápidos dos olhos (REM) - nesse grau de sono, os olhos ficam em movimentos rápidos, mesmo com a pessoa dormindo.
Ao decorrer de cada noite, a maior parte do sono é NREM, sendo este o tipo de sono profundo, repousante, no qual a pessoa apresenta durante a primeira hora de sono.
Já o sono REM ocorre de tempos em tempos, cerca de 25% do tempo do sono adulto e são regularmente recorrentes a cada 90 minutos. Este sono está geralmente ligado com os sonhos, não sendo tão repousante.
Sono em mamíferos aquáticos
Os mamíferos aquáticos necessitam tomar oxigênio da atmosfera para respirar, apesar disso, esses animais desenvolveram métodos apropriados para dormir na água.
Estes animais não apresentam uma imobilidade total, mas reduzem de maneira significativa a atividade motora. Em relação à respiração, esses mamíferos sobem à superfície frequentemente em intervalos de alguns segundos ou vários minutos, dependendo da espécie, com a finalidade de respirar, renovando o oxigênio dos pulmões.
Os cetáceos desenvolveram as suas atividades vitais, incluindo o sono, na água, ao mesmo tempo que, os pinípedes (leões marinhos, morsas e focas) se adaptaram para dormir tanto na água como na terra.
As focas mar Cáspio e da Groelândia dormem tanto na água como na terra, e são capazes de permanecer imóveis, com olhos fechados e em diversas posições. Quando elas dormem na terra, demonstram ter o tipo de sono terrestre, no qual alternam entre o sono NREM e REM. Em contrapartida, quando dormem dentro da água, eles precisam despertar aproximadamente a cada cinco minutos para subir à superfície para respirar.
Quer entender um pouco mais sobre o sono em animais? Clique aqui.
Focas dormindo fora da água. Foto: Leonardo Merçon
Vários leões marinhos em repouso fora da água. Foto: Leonardo Merçon
Indivíduos da superfamília pinípedes em repouso verticalmente na água. Foto: Leonardo Merçon
Sono em cetáceos
Assim como todos os mamíferos, os cetáceos também precisam repousar, porém é diferente do nosso. A respiração deles é voluntária, ou seja, eles não podem passar longos períodos dormindo, e uma parte do cérebro precisa estar sempre em um determinado nível de consciência.
Sabendo disso, como então os cetáceos dormem?
Eles dormem com um lado do cérebro de cada vez, isso mesmo. Essa adaptação recebe o nome de sono uni-hemisférico, estado no qual um hemisfério cerebral dorme enquanto o outro permanece acordado.
Os cetáceos podem ser vistos descansando à superfície ou logo abaixo da água, exibindo diferentes tipos de postura e comportamento. Nesses cochilos, já foram observados que apenas um ou ambos os olhos ficam abertos ou piscando alternativamente.
A duração do sono depende da espécie, alguns pesquisadores dizem não passar de 15 minutos. Algumas espécies menores dificilmente, ou nunca, ficam imóveis, elas se movem 24 horas por dia desde o nascimento até a morte.
Estudos evidenciam que a produção de melatonina (responsável pelos períodos de sono) e a sinalização são prejudicadas nesses animais, ou seja, os ciclos de sono/vigília não são totalmente interrompidos. Sendo assim, esses animais conseguem manter um estado de repouso e vigilância ao mesmo tempo. Esse comportamento é de extrema importância, pois permite esses animais descansarem sem comprometer o estado de alerta, ajudando a se livrar de predadores; a manutenção da respiração e também ajuda na regularização da temperatura corporal.
Uma curiosidade é que, alguns estudos demonstraram a ausência do sono REM, tornando-os os únicos mamíferos estudados em que este estado não foi observado. Mas em outros estudos observaram que o sono REM ocorre com pouca frequência nesses animais.
Uma observação a se fazer é uma característica que o sono REM possui, pois neste tipo de sono o animal é mais dificilmente acordado por estímulos sensoriais. E sabendo disso, não seria uma característica boa para esses animais marinhos.
Se cada hemisfério pode dormir de forma independente, um dorme mais que o outro?
Nos primeiros relatórios, relataram que os golfinhos dormem mais com o hemisfério esquerdo, e outros dormem mais com o direito. Ao longo de várias observações, demonstraram que o tempo de sono de um hemisfério pode ser mais do que o outro, mas quando visto sobre uma escala de tempo mais longa, ambos os hemisférios dormem em quantidades iguais.
Clique aqui e saiba mais sobre o sono em cetáceos.
Alguns exemplos de comportamentos do sono.
Subordem Mysticeti
Apesar do conhecimento do comportamento de repouso das baleias que possuem cerdas bucais ser bastante limitado, principalmente por observação direta. Alguns estudos conseguiram relatar um pouco sobre o comportamento de repouso em algumas espécies de misticetos.
Em um estudo recente, pesquisadores relataram que as baleias jubarte repousam enquanto flutuam debaixo da água e em grupo. Clique aqui e saiba mais.
Nesse estudo os pesquisadores observaram que as baleias jubarte repousavam enquanto mantinham posição horizontal, com nenhuma ou poucas batidas de nadadeiras laterais e natação bem lenta. Pesquisas anteriores relataram que as baleias jubartes repousavam à superfície da água, mas essa pesquisa recente relatou mergulho à deriva como comportamento de repouso da jubarte.
Esses comportamentos de repouso relatados estão provavelmente relacionados com as condições do mar, suas condições corporais e outros fatores, como por exemplo, a flutuabilidade.
*As jubartes podem ficar em repouso em torno de 20-30 minutos.
Jubarte em repouso em mergulho à deriva, entre 15 a 20 metros de profundidade. Foto: Dani Abras
Jubarte em repouso horizontalmente na superfície. Foto: Dani Abras
Subordem Odontoceti
O golfinho-nariz-de-garrafa (Tursiops truncatus) quando não está flutuando ou descansando no fundo, geralmente nada em uma única direção (sentido anti horário).
Esse golfinho apresenta uma natação lenta durante o seu sono, esse comportamento possivelmente está relacionado a uma ameaça, uma vez que, a natação durante o sono facilita uma rápida transição do sono para o comportamento de fuga.
Golfinho nariz-de-garrafa. Foto: Luan Amaral
Um grupo de baleias cachalotes (Physeter macrocephalus) foram avistadas em postura vertical, imóveis e com a cabeça na superfície do mar ou logo abaixo dela.
Os pesquisadores se aproximaram do grupo de 12-13 baleias e três se mantiveram na mesma posição, quando acidentalmente foram tocadas pela embarcação e então reagiram, e após o grupo todo se afastou. Os mesmos, observaram que uma das baleias estava em posição horizontal no grupo, pois tinha reagido a um navio a 8 m de distância.
Esse animal também pode exibir comportamento de repouso em postura horizontal na superfície.
* As cachalotes podem ficar até 1 hora em repouso entre os longos mergulhos. Esse animal pode repousar tanto na superfície como em mergulhos à deriva.
Clique aqui e veja o relato dos pesquisadores.
Cachalote em repouso horizontalmente na superfície. Foto: Dani Abras
Você conhece esses animais? Se não, clica aqui e veja a nossa Jubarte.LIVE sobre o turismo de observação de baleias nas águas capixabas.
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Para aqueles que tem interesse em ver as baleias em Vitória - Espírito Santo em 2021, é só entrar no site do Projeto Amigos da Jubarte pelo link: www.queroverbaleia.com
Os Projetos Amigos da Jubarte, Jubarte.Lab e Golfinhos do Brasil são de realização do Instituto O Canal e Instituto Últimos Refúgios, em parceria com a Vale e o apoio nessa atividade da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e Lar Mar.
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